Voo por cima dum ninho de um cuco

Voo por cima dum ninho de um cuco - Folha 8

Todos os bancos, enquanto não forem apanhados a entrar em estádio de falência, são dignos de galardões, pois trabalham com grande sentido patriótico para o enriquecimento de Angola, não a nossa, mas a de JES, seus parentes, amigos, serviçais e acólitos. Vamos dar alguns exemplos de grande significado.

Por António Setas

P ara começar, temos os altos dignitários angolanos, escolhidos a dedo depois de terem passado pelas peneiras do regime JES/MPLA, gente que sempre teve direito a beneficiar, ao longo dos tempos, de prémios outorgados por vários organismos e instituições, não só de Angola, mas também de várias instituições internacionais de renome – normalmente pagas de alguma forma e muito mais caras –, que se deram ao trabalho de lançar um monte de piropos, conceder prémios e recompensas individualidades e organizações nacionais.

Neste rol de elogiosas iniciativas destinadas a pintar, por cima do caruncho, a desgastadíssima fachada do moribundo regime político angolano, enquanto uns rejubilam, outros interrogam-se e dão-se ao trabalho ingrato de pesquisar a origem e a validade das razões e feitos que possam justificar tais galardões.

A conclusão desse estudo indica que praticamente todas as altas patentes do Estado, enquanto não forem apanhadas em flagrante a roubar o que ainda há dentro dos cofres do Tesouro, são dignas de recompensa. E as que forem apanhadas serão “castigadas”, mas isso não impede que possam vir a beneficiar de um posterior resgate, como foram os casos dos ex-ministros Manuel Rabelais e de Pedro de Morais, respectivamente da Comunicação Social e das Finanças. Adelante.

No que diz respeito a instituições bancárias, os prémios são o pão-nosso-de-cada-ano. O exemplo mais espectacular da iniquidade e insignificância desses prémios foi-nos recentemente dado pelo banco Espírito Santo Angola (BESA). Depois de ter sido distinguido em 2009 com o prémio “Banco do Planeta”, atribuído pelas Nações Unidas através da Unesco, o BESA obteve o Prémio de melhor instituição bancária de Angola no dia 3 de Outubro de 2012. A razão invocada nesse ano aludia a um alegado bom desempenho interno, precisamente numa altura em que essa instituição já navegava num pantanal lamacento, face à gatunagem do dinheiro dos depositantes e do Estado. Não vamos perder tempo a repetir o que toda gente sabe e faz de conta que não sabe. Essa perca do rasto de 5,7 mil milhões de dólares de empréstimos a altas figuras do MPLA é obra!

Quanto ao documento que anunciava mais esta vitória estrondosa do BESA em 2012, nós, no Folha 8, guardámo-la. É uma pérola da “Banga Angolana”. Leiam só:

«Com as distinções atribuídas em 2012, o Banco Espírito Santo Angola soma agora 23 prémios internacionais, provenientes das mais prestigiadas organizações que analisam e avaliam a performance dos mercados financeiros internacionais. O banco volta assim a consolidar a sua posição de Melhor Banco em Angola (kkkkkkkkkkk…), um reconhecimento que traduz o esforço de melhoria contínua do seu posicionamento, a eficácia operacional e estratégica dos seus serviços (digno do mafioso Don Corleone) e a excelente performance das suas equipas, em todas as vertentes (abismais) de actuação do banco», em suma, a celebração antecipada de uma realidade angolana: o roubo institucionalizado.

A lista dos prémios a bancos é grande e recorrente, a cada ano que passa há um monte de prémios, simplesmente porque atribuí-los é rentável. Esses galardões pouco ou nada têm a ver com as razões invocadas pelos organismos outorgantes para justificar a sua outorga, são pura e simplesmente ferramentas principais duma campanha publicitária camuflada e multiplicam-se pelo ano adentro por toda a parte do mundo em função de pagamentos adequados e de um relacionamento baseado no tráfico de influências.

Ainda os bancos

O país está cansado de tanta mentira descarada, ofensiva, cínica e, diremos mesmo mais, criminosa. O governador do Banco Nacional de Angola, o renegado, quase preso e depois recuperado Pedro de Morais, jura ter vendido dólares aos bancos comerciais. Estes negam, escondendo mal o facto de os seus interesses de “bizne” sujo, por baixo da mesa, ser para eles muito mais importante do que satisfazer os interesses, ditos soberanos, do Estado.

Maka na sanzala!

E quem ganha é o “mafarrico”, viva o mercado paralelo, a especulação e a corrupção, a Western Union fechou as portas ao povão e a partir daí, dólares só com esquema em dois bancos: Millenium e BAI. Entretanto, a Real Transfer subiu a venda dos dólares e aproveita, pois tem sócios do governo e é uma enchente diária.

Isto não é país, é um “sítio”, onde se organizou um Carnaval de máscaras. Coincidiu e prolonga-se até hoje, depois do nosso Carnaval com cortejo e dança na Marginal num CORTEJO DE MENTIRAS!

Mas fica pendente uma questão: mentiras do governador do BNA ou dos bancos “comerdiais”?

Pouco importa, mas o nosso saco está cheio. Basta!

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