Savimbi na História de Angola

Os quadros da UNITA na Alemanha lamentam pela forma como o partido dos camaradas ( MPLA ) em pleno 40° ano da Independência, enquadra a UNITA e o seu líder fundador no lado incorrecto da História de Angola.

Por João Kanda Bernardo
Embaixador da UNITA na Alemanha

É arrepiante em pleno 13° ano desde o calar das armas ainda existir no país políticos que não se conformam com a mudança dos tempos, usando repetidas vezes o factor guerra como exemplo para voltar a terrorizar a consciência dos angolanos e acusando o Partido do Galo Negro e o seu líder fundador de terem se aliado ao fenómeno do ‘apartheid para combaterem o seu próprio Governo e praticarem o crime de Lesa-pátria.

Em nenhum momento o Dr. Savimbi lutou contra “o seu próprio governo”, pois não elegeu nenhum deles.

O Dr. Savimbi lutou contra o governo colonial, que não representava o povo de Angola e por isso não tinha legitimidade política para governar Angola. Lutou também contra o governo neocolonial do MPLA, que não foi eleito pelo povo de Angola e, por isso, também não tinha legitimidade para governar Angola.

Além disso, o Dr. Savimbi nunca foi reconhecido como cidadão da República Popular de Angola. Por isso, nunca podia ter lutado “contra o seu próprio governo”, porque não era o governo dele.

Dum lado, não há nada de errado em combater-se um governo ilegítimo e corrupto, mesmo que seja o ‘nosso próprio governo’. Aliás, torna-se nosso dever individual e colectivo.

Ora, se tivermos que conhecer quem cometeu e continua a cometer o crime contra a humanidade e de lesa-pátria teríamos de perguntar:

1 – Quem é que faz alianças políticas, traiçoeiras, que causa prejuízos ao País, acabando com a Democracia, Soberania e Liberdade de seu povo?

2 – Quem é que efectua desvios fraudulentos dos cofres públicos, impondo com isso um regime autoritário fundamentado na esquerda ou direita, radical ou não, aparelhando o Estado e subjugando o povo, enganando, comprando, escravizando ou fraudando eleições para permanecer no Poder?

Porém, não foi a UNITA que causou a triste realidade que caracteriza o passado de Angola, o partido UNITA apenas foi forçado a ser uma parte do problema, por isso sempre participou na reparação dos erros do passado. A mudança do quadro político do país devia ter começado pelo processo de reconciliação, o que nunca interessou o partido que governa o país há 40 anos.

Não faz parte do Programa do Governo da UNITA perseguir os adversários políticos como o MPLA permitiu que um dos seus dirigentes frisasse num recente acto político (comício) feito em Viana-Luanda.

E para lembrar o partido dos camaradas; importa salientar que, a UNITA nunca em nenhum momento desde a sua fundação se aliou ao fenómeno do ‘apartheid’, pois não precisava nem o suportava.

Aliás, foi o Dr, Savimbi o primeiro líder africano a pedir às autoridades sul-africanas a libertação de Nelson Mandela. Fez isso ao discursar no Parlamento sul-africano, na década de 80.

A UNITA aliou-se à Africa do Sul (não ao apartheid) por razões geográficas e tácticas e por força da sua aliança com os EUA. Eram e são nossos vizinhos, e os vizinhos não se escolhem. Angola tinha de conversar com a África do Sul para resolver o problema da invasão russo-cubana e da independência da Namíbia. E foi por causa dessa aliança, que JES assinou os Acordos de Nova Iorque, em Dezembro de 1988, com os Governos de Cuba e da África do Sul. E assim se resolveram os conflitos inerentes à guerra fria na África Austral.

Ora, certas acusações feitas pelo MPLA, provam-nos que este partido ou está equivocado ou esqueceu-se da verdadeira História da Libertação de Angola.

Portanto, do ponto de vista dos resultados históricos alcançados pelos dois povos, pode-se afirmar que a aliança entre a UNITA e a África do Sul foi benéfica na medida em que resultou na libertação do povo sul-africano do apartheid, na libertação do povo Namibiano da colonização e na libertação do povo angolano do espectro do totalitarismo russo-cubano. Isto é o que importa nas relações internacionais.

Naquela altura, havia a guerra fria e todos os “movimentos de libertação” aliaram-se a forças estrangeiras para combater o colonialismo. O MPLA aliou-se à URSS, a FNLA e a UNITA aliaram-se aos EUA e à maioria dos países africanos.

Estas alianças foram feitas em linha com as posições ideológicas defendidas pelos movimentos de libertação.

O MPLA defendia a ditadura do proletariado. A UNITA defendia a democracia multipartidária.

O MPLA defendia a economia estatizada. A UNITA defendia a economia dos mercados.

O MPLA defendia o internacionalismo proletário. A UNITA defendia a identidade africana de Angola e a sua integração regional.

Hoje, a ideia da ditadura do proletariado foi vencida. Os povos do mundo adoptaram a democracia. Logo, o MPLA “foi forçado” a adoptar a democracia.

A teoria da economia estatizada também foi vencida, e em resultado, o MPLA foi forçado a adoptar a economia de mercado.

O internacionalismo proletário também foi vencido. Em resultado, o MPLA foi forçado, mesmo vacilante, a reconhecer a identidade africana de Angola e os benefícios da sua integração regional.

Finalmente a história mostrou, portanto, que em termos de aliança, a UNITA estava certa e o MPLA estava e está errado.

Nenhum dos movimentos de libertação aliou-se ao fenómeno do racismo que era praticado no seio dos países aliados (URSS e EUA). Por isso insta-se ao MPLA e ao seu Presidente José Eduardo dos Santos que esforcem-se mais na participação do processo de reconciliação nacional e que evitem a invocar de forma irresponsável o fenómeno (guerra) que deixou mágoa em quase todas as famílias angolanas, como instrumento para participarem na vida política duma sociedade que reafirma o seu compromisso irreversível e incondicional com a paz.

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3 Thoughts to “Savimbi na História de Angola”

  1. luis filip adriano muekalha

    Eu acho que eles perderam a cabeça devido às riquezas do país, porisso é que eles não falâo dos outros. Estão mas preocupados em dividir o dinheiro do país do que falar dos que lutaram, e deram suas vidas para o bem estar do país.

  2. Sinseramente existe outra maneira que são possível a chamada eleições

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