Rumo a Luanda… de mão estendida e, é claro, vazia

O ministro da Economia de Portugal, António Pires de Lima, na senda do que é hábito há alguns anos, inicia hoje uma visita de dois dias a Luanda, durante a qual vai assinar a criação do Observatório dos investimentos angolanos em Portugal e portugueses em Angola.

E sta visita acontece numa altura em que o Governo de Lisboa sabe que pelo menos cinco mil empresas portuguesas dependem a 100% de Angola para exportar.

Segundo informação do Ministério da Economia angolano, o observatório reunir-se-á pela primeira vez em Luanda, na terça-feira, dia da sua constituição, e terá como função principal “acompanhar os processos de análise de candidaturas de investimento, identificar obstáculos e seleccionar vias ou instrumentos para ultrapassar os constrangimentos”.

A criação deste observatório insere-se no programa do primeiro Fórum Empresarial Angola-Portugal, que o Governo angolano refere ser uma iniciativa para “promover as oportunidades de negócios num e noutro país”, e apelando “ao estabelecimento e aprofundamento de parcerias entre empresas angolanas e portuguesas”.

Na terça-feira, o fórum propriamente dito vai reunir em Luanda cerca de 400 empresários dos dois países para discutir investimentos comuns em Angola e Portugal.

Mais de 9.000 empresas de Portugal exportam actualmente para Angola e cerca de 2.000, angolanas, são participadas por capital português.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, Portugal foi destronado no primeiro trimestre deste ano da liderança dos fornecedores de Angola pela China e pela Coreia do Sul.

Após vários anos a liderar, Portugal figurou entre Janeiro e Março no terceiro lugar das origens das importações por Angola, com uma quota de 10,9% e 70.033 milhões de kwanzas (526,6 milhões de euros) de produtos vendidos, traduzindo-se numa quebra homóloga de 2,1%.

A visita de Pires de Lima a Luanda arranca hoje, pelas 12:30 com uma reunião com o ministro da Economia de Angola, Abraão Gourgel, seguindo-se uma passagem por empresas com investimentos portugueses com actividade na capital angolana, casos da Angonabeiro, Martifer, Valinho e Pneuang.

Recorde-se que, no passado dia 4 de Fevereiro, António Pires de Lima admitiu estar “bastante” preocupado com as restrições às importações por Angola, garantindo que o seu Governo estava a trabalhar na frente diplomática e política para limitar o impacto na balança comercial portuguesa.

“É um tema que nos preocupa bastante. Os produtos mais sensíveis a este tema das exportações são aqueles sobre os quais o Governo angolano define quotas, que em alguns casos significam uma redução de 70%”, afirmou Pires de Lima.

Questionado sobre os impactos da descida do preço do petróleo, o governante português garantiu que estava a ser feito um trabalho, na vertente diplomática e política, para “limitar o impacto” que a queda das exportações pode vir a ter para a balança comercial portuguesa e para as empresas exportadoras, nomeadamente no sector das bebidas.

O ministro da Economia lembrou na altura que Angola pesa 6,6% na agenda exportadora portuguesa, sendo o quarto mercado em termos de exportação de bens e quinto na soma dos bens com serviços.

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