Reconciliação pelo retorno dos corações entre irmãos

As I Jornadas Parlamentares dos Partidos da Oposição; UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA poderá inaugurar uma nova época na relação entre as forças políticas da oposição e o actual e longevo regime, não já de Partido Único mas de Pessoa Única.

P essoa única corporizada na figura de Eduardo dos Santos, qual cópia do rei francês Luís XIV: “L’état se moi” (O Estado sou Eu), se estes colocarem os seus caprichos umbilicais, abaixo dos mais sublimes interesses da maioria dos angolanos e partirem para uma Ampla Coligação Eleitoral da Oposição.

É este sentimento que pululou durante toda a “homilia reconciliadora” de Dom Francisco Viti, no encerramento das jornadas que decorreram pente, dia 9, onde deixou implícito o facto de a paz não se alcançar com individualismos, mas com um verdadeiro sentimento de unidade e conciliação entre todos aqueles, que antes estiveram em barricadas conflituantes.

“A Paz não pode significar o simples calar das armas, pois quando isso acontece a guerra retorna e o que se quer é que ela não regresse ao nosso convívio”, disse Dom Francisco Viti.

Dom Viti, bastante ovacionado, condena aqueles que se querem colocar como “os donos da Paz”, pois esta não tem outro dono que não seja o povo soberano, que quer respirar os ares da felicidade e tranquilidade.

Daí que a verdadeira “reconciliação seja o amor e, esta, na cultura africana, significa o retorno dos corações dos irmãos. Enquanto não houver a conciliação dos corações, enquanto procurarmos entre nós culpados e inocentes nunca seremos reconciliados”, enfatizou no pedestal da sua refinada sapiência em prol da paz e angolanidade.

E por isso não deixou de lançar um recado a todos os que andam e cultivam os fantasmas da culpabilidade e responsabilidade sobre a guerra: “dos três históricos movimentos de libertação nacional, se procurarmos quem é inocente e culpado sobre a guerra, ninguém é inocente e se o reivindicar é falso, é falso”.

Os dirigentes devem ser elevados ante o sofrimento dos angolanos e despidos do sentimento do apego ao poder “ad eternum”, pois seguir o “exemplo de Mandela que ficou 27 anos na cadeia e que se pensava dele o pior ao sair, mas este contra todas expectativas, não foi um factor de guerra, cerrou os dentes, em nome da paz e reconciliação e, hoje em dia, é um factor da reconciliação e exemplo mundial”.

O drama dos angolanos é não haver um Mandela, nem quem se orgulhe de seguir as peugadas, face não só à perpetuação no poder, como as teses de paz, que não devam ser tituladas por um dos beligerantes.
Dom Viti não deixou também de fazer um alerta polido e envolvido no perdão bíblico de solicitar que os contentores políticos não fossem “heróis de riquezas isoladas, egoisticamente, não sejamos heróis de empregos, por motivos de partidos e de outros”.

E tudo isso por, na sua opinião, “na coragem do amor e da escuta mesmo de palavras, que por vezes doem, é que seremos fortes, em relação a reconciliação e a paz”.

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