Raiva (des)controlada

O surto de raiva que casou de Janeiro a Julho 17 mortos na província do Huambo está controlado, garantiram hoje as autoridades sanitárias locais. Será?

S egundo o chefe de departamento de veterinária da província, Teodoro de Almeida, o controlo da epidemia é resultado da campanha de vacinação animal realizada para conter o surto.

O técnico de saúde disse que o maior número de mortes foi registado de Janeiro a Abril, com 13 óbitos, tendo a cifra baixado para quatro entre Maio e Julho.

Teodoro de Almeida frisou que em Julho a Agosto foram notificados 675 casos de mordeduras, realçando que o número de pessoas mordidas também tem estado a baixar significativamente, com os apelos feitos para um maior controlo dos animais.

“Já tivemos registos alarmantes, tanto de mordeduras como de raiva, mas actualmente os indicadores apontam para uma grande redução”, sublinhou o responsável.

Recorde-se que em Abril deste ano, os serviços de veterinária da província do Huambo estavam preocupados com a falta de meios para a campanha de vacinação animal ao domicílio, no âmbito da luta contra a raiva.
Segundo o director do serviço de veterinária do Huambo, a vacinação porta a porta estava ameaçada por falta de condições humanas, materiais e financeiras, realçando que esta é a melhor forma de conter a propagação da raiva, por isso uma proposta do projecto foi remetida ao governo da província para sua análise.

O responsável adiantou ainda caso não seja possível a campanha nesses moldes, a solução será a criação de postos de vacinação em bairros, sobretudo onde há o registo de mortes pela doença.

“Tendo em conta o aumento de casos de raiva, pretendíamos implementar uma campanha de vacinação de casa em casa, mas infelizmente estamos sem condições para o fazer”, lamentou Teodoro de Almeida.

Para fazer face ao elevado número de ataques animais, principalmente de cães, as autoridades sanitárias realizaram desde Janeiro uma campanha de vacinação antirrábica.

É claro que estes cães, tão famintos quanto grande parte dos angolanos, não pertencem a gente do regime. Veja-se:

“Durmo bem, como bem e o que restar no meu prato dou aos meus cães e não aos pobres”, afirmou – naquela que é uma emblemática máxima do regime do MPLA – o então ministro da Defesa do MPLA, hoje governador do Huambo e empresário de alto gabarito no esquema económico do regime. Não, não há engano. Reflectindo a filosofia basilar do MPLA, Kundy Paihama disse exactamente isso: o que sobra não vai para os pobres, vai para os coitados dos cães.

Não, obviamente, para estes que vagueiam pelas ruas das nossas cidades. Até para ser cão é preciso ter sorte ou ser… do MPLA.

“Eu semanalmente mando um avião para as minhas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para mim e filhos e outra para os cães”, explicou Kundy Paihama.

É claro que, embora reconhecendo a legitimidade que os cães de Kundy Paihama (bem como de todos os outros donos do país) têm para reivindicar uma boa alimentação, pensamos que os angolanos que são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome, não devem transformar-se em cães só para ter um prato de comida…

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