Para Portugal, Angola já não é o que era (uma boa mina)

São 67 as empresas portuguesas, a maior representação entre vários países mas inferior a 2014, vão participar este mês na Feira Internacional de Luanda (Filda), este ano dedicada à produção nacional.

A feira de Luanda, que entre 21 e 26 de Julho espera quase 1.000 expositores distribuídos por uma área de 50.000 metros quadrados, volta a dedicar um espaço próprio a Portugal, mas cuja representação empresarial desce da cerca de uma centena de 2014.

“Vamos ocupar um pavilhão na totalidade, temos um número inferior, mas ainda assim são 67 empresas. Tudo indica que será a maior representação nacional”, disse à Lusa o delegado da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) em Luanda, Luís Moura.

Antes de 2014, edição que marcou a maior participação portuguesa, a representação lusa na maior feira angolana rondava as 80 empresas, de vários sectores de actividade.

Além de Portugal – com empresas ligadas aos sectores dos serviços, das máquinas, da saúde, da energia, entre outros -, Itália e Alemanha estarão entre os principais países representados no certame.

Nesta edição da Filda, a 32ª e que acontece nos 40 anos da independência angolana, o lema será o “Dinamismo, criatividade e competência na produção”, bem como a necessidade da diversificação e industrialização da economia nacional.

Apesar do forte arrefecimento da economia angolana devido à crise da quebra da cotação internacional do barril de crude e da redução das importações por Angola – menos 25 por cento no caso de Portugal, no primeiro trimestre -, o responsável da AICEP garante que as empresas portuguesas continuam interessadas neste mercado.

“Há uma redução das exportações [de Portugal para Angola], mas desinteresse [das empresas portuguesas] não. Temos registado até um maior número de empresas a virem ao mercado, temos feito mais programas de visitas e agendamento de reuniões. Não sinto menor interesse”, apontou Luís Moura.

Mais de 9.000 empresas de Portugal exportam actualmente para Angola e cerca de 2.000, angolanas, são participadas por capital português, segundo dados da AICEP.

Depois de vários anos a liderar as importações feitas por Angola, Portugal foi ultrapassado pela China e pela Coreia do Sul como principal fornecedor das importações angolanas, segundo a análise do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola ao primeiro trimestre de 2015.

A Coreia do Sul foi o primeiro fornecedor de Angola, com 137.619 milhões de kwanzas (1.000 milhões de euros) de vendas.

A China viu as importações por Angola subirem mais de 134% nos primeiros três meses do ano, para 107.601 milhões de kwanzas (786 milhões de euros), tendo agora uma quota de 16,8%.

Para trás, nesta lista do INE, fica Portugal, no terceiro lugar das origens das importações por Angola, com uma quota de 10,9% e 70.033 milhões de kwanzas (511,7 milhões de euros) de produtos vendidos no primeiro trimestre.

Os governos de Angola e de Portugal lançaram em Junho, em Luanda, o Observatório dos investimentos dos dois países, sendo, segundo o ministro da Economia português, António Pires de Lima, um passo para o acompanhamento dos projectos comuns mais relevantes.

Segundo a unidade de estudos económicos da revista britânica The Economist, a criação do Observatório de Investimentos entre Portugal e Angola é uma medida eminentemente simbólica que surge na sequência do forte declínio das exportações portuguesas para Angola.

“É um instrumento fundamental para, ao nível politico, se fazer o acompanhamento necessário dos projectos de investimento que precisam de ser acelerados, portugueses em Angola e de Angola em Portugal”, apontou, em Luanda, a 23 de Junho, o governante português.

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