Menos dinheiro para combater a malária

A Iniciativa norte-americana de combate à malária em África vai reduzir em 6,9%, para 25 milhões de euros, o apoio a Angola em 2016, e concentrar a intervenção nas províncias híper-endémicas e na população mais vulnerável.

D e acordo com um relatório hoje divulgado sobre o programa o auxílio norte-americano no combate à malária nos países africanos, o governo dos EUA espera concluir no próximo ano a campanha de distribuição de redes mosquiteiras tratadas com insecticida em Angola.

No corrente ano, os EUA desembolsaram 26,4 milhões de euros para a luta contra a malária em Angola, apesar de a Iniciativa do Presidente norte-americano não cobrir todos os projectos no nosso país.

No documento, a Iniciativa Presidencial contra a Malária (PMI, sigla em inglês) refere que, “face ao impacto da diminuição das receitas públicas em Angola”, cuja comparticipação em projectos de saúde deverá diminuir ou reduzir, o governo norte-americano “concentrará os seus esforços de distribuição de redes mosquiteiras nas províncias híper-endémicas onde as redes podem ser mais eficazes na prevenção da transmissão da malária, e sobre as populações mais vulneráveis, nomeadamente crianças menores de cinco anos de idade e mulheres grávidas”.

“O PMI irá usar métodos de distribuição tradicional, como em clínicas de cuidados de saúde pré-natais para mulheres grávidas e em Programas Alargados de Vacinação para crianças com menos de cinco anos de idade”, refere o mesmo relatório.

“Além disso, o PMI em Angola dará assistência técnica para determinar os canais mais eficientes visando aumentar a cobertura da rede e desenvolver uma estratégia de distribuição contínua em colaboração com Programa Nacional de Controlo da Malária” e “poderá revisitar os Dias da Saúde Infantil, se estes forem considerados um canal de divulgação eficaz”, acrescenta o documento elaborado pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

As autoridades norte-americanas prevêem que a redução de ajuda ao sector da saúde angolana tenha impacto sobre alguns programas, nomeadamente o de controlo de vectores.

“Devido ao alto custo e baixa prioridade do governo angolano, o PMI não fornecerá mais suporte para a implementação das actividades de pulverização no interior das habitações. No entanto, o PMI continuará a fornecer assistência técnica para vigilância entomológica e epidemiológica, a fim de determinar os efeitos da retirada da pulverização dentro as habitações sobre a configuração entomológica e epidemiológica”, assegura.

A USAID justifica a continuação da assistência técnica com o facto de Angola ter capacidade reduzida entomológica e a necessidade de o país continuar a entender como é que ocorre a transmissão da malária.

Contudo, os EUA vão manter os 26,4 milhões de euros, já desembolsados este ano, para apoiar programas da malária em Moçambique, onde as autoridades mostraram “grande correlação” entre a diminuição da mortalidade geral em crianças com menos de cinco anos e a expansão das intervenções de controlo da doença, assegura a Iniciativa Presidencial contra a malária em África.

Num relatório lançado no primeiro trimestre do corrente ano, o PMI indicara que “a diminuição nos casos de malária e mortes relacionadas contribuíram de forma significativa para reduções na mortalidade geral nos países focais da PMI (incluindo Moçambique), segundo inquéritos nacionais de base domiciliar”.

“Estes sucessos na redução do fardo da malária são resultados de um aumento grande no financiamento para o controlo da malária e a expansão na cobertura de intervenções de controlo”, resultante dos “esforços conjuntos do PMI, do governo dos EUA, dos governos dos países africanos, do Fundo Global contra a SIDA, Tuberculose e Malária (Fundo Global) e muitos outros parceiros”, indica o documento.

Contudo, tanto em Angola como em Moçambique, a malária continua a ser a principal causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos, que ainda não têm o sistema imunológico desenvolvido, além de provocar a morte a milhares de mulheres grávidas, período em que perdem a imunidade face ao parasita.

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