Kwanza é sinónimo de desvalorização

O Banco Nacional de Angola (BNA) desvalorizou o kwanza em mais de 6%, face ao dólar norte-americano, segundo a taxa oficial de câmbio divulgada hoje pela instituição.

A taxa oficial na compra de divisas pelos clientes aos bancos rondou esta semana os 126 kwanzas por cada dólar, valor que disparou nas últimas horas de hoje para 134,7 kwanzas.

Em causa está a crise cambial que Angola regista há vários meses devido à quebra da cotação do barril de crude no mercado internacional, que por sua vez diminuiu a entrada de divisas no país, disparando o custo do acesso à moeda estrangeira, necessária para garantir a importação de alimentos e matéria-prima.

Em Outubro de 2014, antes do agravamento da crise da cotação do petróleo – que fez cair as receitas petrolíferas angolanas em mais de 50% -, era possível comprar cada dólar por menos de 99 kwanzas, o que comparativamente com a taxa oficial actual representa uma desvalorização, no espaço de um ano, superior a 35%, face à moeda norte-americana.

No mercado informal, de rua, recurso que se generalizou devido à dificuldade de acesso a divisas na banca comercial, cada dólar já custa mais de 210 kwanzas.

A desvalorização agora implementada é semelhante à ocorrida em Junho (6%), também no espaço de um dia.

Na ocasião, o governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior, afastou um cenário de forte e repentina desvalorização da moeda nacional, justificando as desvalorizações de então, face ao dólar, com as flutuações do mercado.

Defendeu ainda que “a primeira missão” do banco central “não é defender a todo o custo a paridade do kwanza”, mas sim “provocar o ajuste da economia e criar condições” para garantir as metas de crescimento.

José Pedro de Morais Júnior recusou igualmente prever uma tendência, de desvalorização ou não, do kwanza: “O mercado é que vai ditar”.

O Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola defende, no seu relatório económico anual, uma desvalorização imediata até 20% na moeda angolana, face ao dólar, para travar a especulação no mercado paralelo.

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