Forbes “made in” Isabelinha

Uma versão lusófona da revista norte-americana Forbes deverá chegar às bancas ainda este ano, pela mão da multimilionária empresária Isabel dos Santos, filha de Eduardo dos Santos, presidente de Angola desde 1979 e nunca nominalmente eleito.

A nova edição da revista de negócios será distribuída em Portugal, Angola e Moçambique. Os direitos de exploração para esta nova versão, diz o jornal português Expresso, tinham sido adquiridos por Isabel dos Santos em 2013, “pouco depois de a edição norte-americana ter publicado um artigo que questionava a forma como a empresária tinha construído a sua fortuna”.

Se os não podes vencer… compra-os, terá pensado Isabel dos Santos. E se bem o pensou, melhor o executou.

Segundo o semanário, a constituição da equipa editorial e o lançamento da publicação estão já em andamento, contando com um orçamento na casa dos 2,5 milhões de euros. Este processo está a ser conduzido por António Costa, o sipaio ex-director do Diário Económico, que é consultor do grupo de Isabel dos Santos.

A própria Forbes tinha anunciado, em Dezembro de 2013, que ia lançar uma nova edição, que seria distribuída em “Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e na Guiné-Bissau”. Na altura, a revista fez saber que essa versão resultava de uma parceria com a plataforma de televisão por satélite ZAP, que é detida a 70% por Isabel dos Santos, e que a maioria dos conteúdos seria da responsabilidade editorial de uma equipa local, completada por conteúdos da edição norte-americana.

Para melhor compreender a motivação de Isabel dos Santos registe-se que, recentemente, a Forbes considerou José Eduardo dos Santos como o segundo pior presidente em África, logo a seguir ao seu homólogo e velho amigo da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema. Essa constatação, que todo o mundo vê, não impediu – por exemplo – que Angola seja membro do Conselho de Segurança da ONU.

A revista Forbes lembra que o chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, chegou ao poder 1979, depois da morte do seu antecessor, Agostinho Neto, e para seu descrédito tem conduzido o país como se gerisse a sua própria empresa.

No artigo, assinado por Mfonobong Nsehe, pode ler-se que a governação do Presidente Eduardo dos Santos se tem pautado por casos de nepotismo, onde o primo ocupa o cargo de vice-presidente e a sua filha Isabel é a mulher mais poderosa em Angola.

A Forbes destaca ainda que, segundo a Agência Internacional para o Desenvolvimento, o país é extremamente rico em recursos naturais, sendo o segundo maior produtor de petróleo na África Subsariana e ocupa o quarto lugar no ranking mundial na produção de diamantes em bruto.

Todavia e apesar dos recursos existentes no país, 68% da população vive no limiar da pobreza, a educação é gratuita, mas sem qualidade, 30% das crianças estão subnutridas, a esperança média de vida é de 41 anos e o desemprego elevado.

O artigo avança que em vez de partilhar o crescimento económico de Angola com a população, José Eduardo dos Santos conduz uma política de intimidação, sobretudo nos meios de comunicação social e canaliza os fundos do Estado para contas pessoais ou de familiares. A Forbes dá ainda o exemplo de que a família do chefe de Estado controla o sector económico no país, e que a sua filha Isabel serve-se do poder do pai para comprar activos em empresas portuguesas, como é o caso da ZON Multimédia, Banco Espírito Santo e Banco Português de Investimento, entre outros.

De referir que o relatório publicado na revista norte americana classifica o presidente Robert Mugabe do Zimbabué, o rei Mswati II da Suazilândia e o presidente do Sudão, Omar Al-Bashir, na terceira, quarta e quinta posição respectivamente.

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