E agora, Portugal?

No próximo dia de 10 de Novembro, se tudo seguir de acordo com as previsões, o Governo de Passos Coelho e da coligação PàF cairá na Assembleia da República portuguesa, devido a uma coligação de interesse político entre o PS, o BE, o PCP e o Verdes – estes coligados na CDU – (ou seja, nada de anormal em democracia).

Por Eugénio Costa Almeida
Investigador académico (*)

P elo menos o PCP, pela voz do seu secretário-geral e em véspera de entrega no Parlamento do programa de governo da coligação PàF e face ao ultimato de António Costa de tudo estar resolvido antes do debate, veio a afirmou que aprova o programa debatido com o PS.

A dúvida, pertinente, é se o PCP, e de Jerónimo de Sousa, também o fará com próximo e futuros orçamentos? E irá assinar um documento nesses termos e em conjunto com o BE de quem, sob o protesto de estarem a divulgar antecipadamente factos sob segredo, fazia críticas bem fortes? Na realidade Catarina Martins, a porta-voz do BE, mais parece uma sólida e bem informada ministeriável do que somente uma “sponsor”, como a CDU, do Governo do PS. Dupla questão que se põe e com pertinência

Só que nesse dia, e após essa votação, alguém, algures, onde ninguém sabe bem onde é, estará a bater palmas feliz; não porque faria 102 anos se fosse vivo, mas por, ao fim de 40 anos, conseguir o que viu ser negado em 25 de Novembro de 1975: o Poder. Essa personalidade, chamava-se, em vida, Álvaro Barreirinha Cunhal.

Nesse dia, esteja onde ele estiver, deixará de dizer o que disse em 1976, face a Mário Soares, e passará a dizer bem alto: Olhe que sim! Sr. Doutor, olhe que sim!

Ora este acordo – e se for como preconizam, sem a presença dos outros parceiros no Governo – é também uma vitória do BE e do PCP. Porque se der para o torto, só haverá um único culpado: o PS! E isso vai se reflectir em próximos actos leitorais.

Veremos se nessa altura os dirigentes socialistas conseguirão que o PS português não se torne num novo PASOK ou num PSOE.

Se por acaso fosse assessor de algum dirigente de cúpula PS – e não sou, como alguns, se lerem isto (certamente muito poucos) dirão – nunca quereria derrubar o Governo de Passos e deixava-o cair de podre.

É que se com um Governo do PS e o novo apoio parlamentar, o PSD e CDS-PP nada farão, no imediato, para o derrubar. Vão esperar para ver o que dará as eleições presidenciais e como o possível no Governo manterá equilibradas as contas do País.

Ora caso a coligação PàF estivesse no poder, se o novo presente eleito for da mesma área política que o putativo novo Governo – como seria e será natural – ele daria imediata via a eleições antecipadas e, aí, o PS teria mais possibilidades de vencer, e, talvez, se não com maioria absoluta, com um larguíssima maioria.

São muitos “ses” e veremos como vai ser no futuro imediato. De certeza, nesta altura, e em várias frentes e em vários sectores haverá quem esteja já a verificar as suas armas políticas para os próximos tempos!

Só se espera que, com tanta despesa e menos receitas não acabe, depois, tudo voltar ao mesmo e com impacto maior. Porque, fazendo fé no documento ontem apresentado, viver só do consumo interno, não me parece que faça desenvolver o País.

É que 4 anos já foram demais e muitos parecem esquecer que os contribuintes que vivem e pagam impostos em Portugal sofreram e de que maneira os efeitos de um memorando/crise que não estavam preparados.

Agora na dúvida não irão de certeza desbaratar o que lhes querem “oferecer” de retorno.

Realmente 4 anos de inferno austero foi demais! Será que haverá quem ache que não chegaram?

(*) Artigo publicado em http://pululu.blogspot.pt

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