E a culpa é de quem?

O ministro da Economia, Abraão Gourgel, reconheceu hoje que a crise provocada pela quebra das receitas do petróleo é “um lembrete” para o que ainda está por fazer na diversificação da economia nacional, com resultados “aquém” dos objectivos. Melhor seria dizer: para o que nunca foi feto.

A posição foi assumida por Abraão Gourgel no discurso de abertura da 32ª edição da Feira Internacional de Luanda (Filda), dedicada precisamente ao incremento da produção nacional e que reúne até domingo mais de 300 empresários e 800 empresas expositoras de 40 países, tendo reconhecido o “difícil momento da conjuntura económica”.

“É preciso reconhecer que os resultados concretos do nosso processo de diversificação da economia se encontram ainda aquém dos objectivos que aspiramos alcançar. Porém, mudar uma economia de enclave, baseada num único recurso natural, é um desafio gigantesco para qualquer país que é fortemente dependente de um só produto”, disse o ministro.

A propósito da queda para metade das receitas fiscais com a exportação do petróleo por Angola – que por sua vez levou ao corte de um terço de todas as despesas públicas previstas para 2015 -, Abraão Gourgel recordou que o sector não-petrolífero angolano continua a crescer “acima” do ramo petrolífero.

Nesse sentido, apontou, como exemplos, a agricultura, que em 2014 atingiu um peso de 12% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, da construção (11%) ou da indústria (9%).

“Para o nosso país, a queba abrupta do preço do petróleo é um lembrete das importantes vulnerabilidades e desequilíbrios estruturais inerentes à actividade económica altamente concentrada e da necessidade de revitalizar e acelerar os esforços para diversificar a economia a médio e longo prazo”, enfatizou.

Agricultura, turismo, telecomunicações e tecnologias de informação, logística e transportes, energia e águas e a construção são áreas consideradas como prioritárias para o investimento por parte do Governo angolano, numa óptica de diversificar uma economia em que o petróleo representou, em 2014, mais de 70% das receitas do Estado e 98% das exportações.

O ministro recordou que desde que foi alcançada a paz em Angola, em 2002, as receitas do petróleo multiplicaram por 5,5 vezes o PIB nacional, e permitiram um crescimento “sustentado” da riqueza produzida no país de 9,1% ao ano, entre 2008 e 2013.

Isto porque, sublinhou, Angola utilizou a sua “excepcional dotação de recursos naturais” para garantir este crescimento, agora afectado pela crise da cotação internacional do barril de crude, através de efeitos como a diminuição da procura global, o aumento das reservas internacionais ou a entrada de novos produtores no mercado.

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