Crise? Importação de vinho alentejano cresce 14%

A exportação de vinhos do Alentejo (Portugal) para o nosso país cresceu 14% no último ano, até final de Agosto, mas os produtores lusos já assumem preocupação com a evolução do mercado, face à crise que, como se vê, é só para alguns.

D e acordo com números divulgados pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), à margem de acções de promoção dos vinhos daquela região portuguesa realizadas nos últimos dias em Luanda e no Lubango, Angola representa o principal mercado de exportação fora da União Europeia, actualmente com uma facturação de 16 milhões de euros no último ano e 4,3 milhões de litros.

“Até agora ainda não nos estamos a ressentir da crise em Angola. O que tenho ouvido nos últimos dias assusta-nos um bocado, mas temos de ter esperança e continuar a promover os vinhos”, explicou Maria Amélia da Silva, da CVRA.

Na acção de promoção dos vinhos alentejanos em Angola, que se realiza anualmente, participaram 22 produtores, e a tónica, além do receio com a crise angolana – financeira, económica e cambial, devido à quebra das receitas com a exportação de petróleo -, é de manter a aposta neste mercado.

“O que os produtores podem fazer neste momento é continuar a acreditar no mercado e não desinvestir. O mercado angolano é o mercado por excelência dos vinhos alentejanos. O vinho alentejano, nesta fase mais difícil, tem de acompanhar as dificuldades, estar presente e não abandonar o mercado”, apontou Maria Amélia da Silva.

A Adega de Borba é uma das marcas que aposta em Angola, com um volume de vendas de meio milhão de euros em 2014, cenário que não se deverá repetir este ano, face a um mercado em retracção.

“Este ano vamos ter uma quebra, estou a contar com uns 30%. Neste momento não há muito que se possa fazer, a dificuldade é importar o produto [dificuldades de divisas], as rupturas que temos tido não têm facilitado, mas é acreditar que isto vai mudar”, reconheceu Sofia Araújo, representante da Adega de Borba em Angola.

Com um portfólio de sete marcas, a Fundação Eugénio de Almeida é outro dos produtores alentejanos que tem em Angola o principal destino de exportações fora da Europa, representando vendas de três milhões de euros anuais, mas agora também “apreensão”.

“Teríamos melhores perspectivas para o corrente ano se a economia angolana nos mostrasse sinais de maior esperança. Neste momento temos um grande receio, mas continuamos a investir e acreditamos que de futuro seja melhor”, disse o representante da marca, Bruno Ramos, em Luanda.

Os vinhos da Adega Mayor facturam anualmente em Angola cerca de 900 mil euros, operação que tem vindo a ser facilitada pela presença do grupo Nabeiro no país (nomeadamente na área do café).

Apesar das dificuldades actuais do país, Angola representa 70% das exportações desta marca de vinho alentejana.

Os vinhos do Alentejo congregam 263 produtores e uma área total de vinha de 20.800 hectares, dos quais 14.698 hectares referentes à Denominação de Origem Certificada (DOC) alentejana.

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