Cabo Verde (é claro) agradece

O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, que chegou hoje a Angola para uma visita privada, apresentou cumprimentos de cortesia ao presidente da Assembleia Nacional angolana, com quem abordou o estado da cooperação entre os dois países.

J osé Maria Neves, que visita Angola por uma semana, classificou como excelentes as relações de cooperação nos diversos domínios e de cumplicidade a nível do continente africano e organismos internacionais.

“Falámos dos ganhos obtidos pelos países no período pós-independência, pois hoje temos paz e estabilidade e estão a ser criadas as condições para um desenvolvimento dos países para economias mais fortes e inovadoras, capazes de realizar os objectivos do desenvolvimento sustentável no horizonte de 2030”, disse José Maria Neves, no final da audiência com Fernando da Piedade Dias dos Santos.

Por sua vez, o presidente da Assembleia Nacional de Angola disse que o encontro serviu para falar do presente e do futuro das independências dos dois países, bem como do passado comum e dos processos políticos.

O chefe do Governo cabo-verdiano tem agendados encontros com a comunidade residente em Angola, estando nesse sentido previstas deslocações a Cabinda e Benguela, regiões de maior concentração cabo-verdiana.

Na sua estada em Angola, José Maria Neves vai proceder ao lançamento de um livro de sua autoria, intitulado “Cabo Verde — Gestão nas Impossibilidades”.

A obra, segundo o autor, refere como Cabo Verde conseguiu transformar-se num país possível, nos últimos 40 anos, mesmo sem ter “ouro, diamantes e petróleo”.

“Mas temos cabo-verdianos que são as nossas pedras preciosas e soubemos lapidá-las e trabalhar para construir Cabo Verde de hoje, moderno, mais competitivo e desenvolvido”, realçou o dirigente cabo-verdiano.

Vá lá perceber-se os políticos

Os EUA afirmam que Cabo Verde tem-se afirmado como líder na questão da segurança regional na África Ocidental, considerando-o também um país modelo na boa governação e desenvolvimento da região.

Quando o embaixador norte-americano na Cidade da Praia, Donald Heflin , disse tal heresia, o regime divino e vitalício de José Eduardo dos Santos ficou fulo. Terá sido por isso que José Maria Neves veio agora ao beija-mão?

“Os EUA reconhecem o papel de Cabo Verde como líder em matéria de segurança regional, pelo que aplaudimos o desempenho e esforço do país, que é um modelo na África Ocidental para a boa governação, desenvolvimento e parcerias a nível da segurança”, afirmou – recorde-se – Donald Heflin.

Angola melhorou marginalmente a avaliação no Índice Ibrahim de Boa Governação Africana 2015, mas mantém-se abaixo da média do continente e desceu para o 43º lugar num total de 54 países.

De acordo com o relatório deste ano, produzido com base em dados de 2014, a governação em Angola recolheu uma pontuação de 40,8 numa escala de 100, mais 0,1 do que no ano passado. Este valor é inferior à média dos restantes países africanos (50,1) e à média regional da África Austral (58,9).

Angola registou um retrocesso na categoria de Oportunidades Económicas Sustentáveis para 31,6, que é também a área em que tem pior desempenho no geral da avaliação.

O Índice notou recuos nas subcategorias de Estado de Direito, Segurança Pessoal, Direitos Cívicos, Administração Pública, Ambiente de Negócios, Infra-estruturas e Bem-Estar.

No ano anterior, Angola tinha ascendido uma posição para 40º lugar na lista de 52 países e tinha sido um dos países destacados no IIAG 2014 como uma das melhores evoluções positivas nos últimos anos.

Este ano, o Índice passou a incluir o Sudão do Sul e Sudão pela primeira vez desde a separação dos dois países.

Criado em 2007 pela Fundação Mo Ibrahim, o Índice Ibrahim de Governação Africano (IIAG) mede anualmente a qualidade da governação nos países africanos através da compilação de dados de diversas fontes.

O objectivo é informar e ajudar os cidadãos, governos, instituições e o sector privado a avaliar a provisão de bens e serviços públicos e os resultados das políticas e estimular o debate sobre o desempenho da governação com base em dados concretos e quantificados.

A avaliação é feita de acordo com quatro categorias: Segurança e Estado de Direito, Participação e Direitos Humanos, Oportunidades Económicas Sustentáveis e Desenvolvimento Humano, divididas por 14 subcategorias. Usa 93 indicadores e informação recolhida junto de 33 instituições globais.

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