Cabindeses não são livres

Adolfina Mavungo, mulher do activista dos Direitos Humanos, José Marcos Mavungo, detido há mais de três mesas pelas autoridades angolanas em Cabinda, deu uma conferência de imprensa em Benguela, onde falou sobre a situação do seu marido na prisão.

N a conferência de imprensa, a convite da ONG OMUNGA, Adolfina Mavungo, começou por falar do estado de saúde do seu marido. Segundo ela, a situação clínica de José Marcos Mavungo é bastante preocupante, agravando-se a cada dia que passa. Por outro lado, insistiu que o único ”crime” que ele cometeu foi ter apelado ao governo angolano para pôr fim ao sofrimento do povo de Cabinda.

“O Marcos continua a tomar diariamente vários comprimidos porque o seu estado de saúde se degrada permanentemente. Por outro lado, as condições de salubridade onde ele se encontra são más. Ele está preso num corredor da cadeia onde já chegou a passar três dias sem tomar banho apesar do calor insuportável no local. Ele está preso por ter cometido o crime de defender o povo de Cabinda”, destacou Adolfina Mavungo.

Desde que o marido foi detido pelas autoridades angolanas, Adolfina Mavungo conta que são várias as dificuldades que tem enfrentado com os sete filhos. Neste momento vive praticamente de caridade. Para agravar ainda mais a situação, a empresa petrolífera norte-americana Chevron, onde o activista trabalha, cancelou o salário do marido.

“Até este momento estou a viver com a ajuda de pessoas de boa fé. Algumas passam para me visitar e sempre deixam um envelope com algum dinheiro. É assim que eu e os meus filhos estamos a viver, no meio de muitas dificuldades”, conta Adolfina Mavungo.

Na luta para ver o marido em liberdade, Adolfina Mavungo efectuou várias diligências junto das autoridades governamentais. Manteve um encontro com o secretário de Estado para os Direitos Humanos, António Bento Bembe, de quem teria recebido garantias da libertação do activista, mas até ao momento nada de concreto como afirmou na conferência de imprensa.

“O próprio senhor Bento Bembe reconheceu e até teve a coragem de dizer que a detenção do meu marido é ilegal. Também, o Procurador-Geral declarou a mesma coisa. Pelo facto não entendo que apesar dessas declarações até hoje o Marcos Mavungo continua na prisão”, referiu Adolfina Mavungo.

Há quatro meses que os filhos menores têm procurado saber sobre o paradeiro do pai. A resposta de Adolfina Mavungo tem sido a mesma desde então: “Ele continua na prisão apesar de não ter cometido nenhum crime. Mas vai ser libertado porque é uma pessoa inocente”.

Tal como outras figuras do enclave e não só, a mulher do activista Marcos Mavungo fala da inexistência dos direitos humanos em Cabinda, tendo mesmo considerado que os cabindeses vivem numa condição de prisioneiros.

“Os cabindeses não se sentem livres porque ninguém pode criticar o governo, não podemos denunciar as irregularidades…não podemos dizer nada. É muito triste”, lamentou Adolfina Mavungo.

Fonte: DW África

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