Pode um regime sem ética falar de… ética?

Pode um regime sem ética falar de… ética? - Folha 8

A ética empresarial foi considerada hoje, na cidade do Huambo, como fundamental para depositar confiança, atrair retorno de investimentos e a sustentabilidade dos negócios, por ser um comportamento baseado em valores educacionais.

Por Norberto Hossi

E m tese é isso mesmo. Mas quais são esses valores educacionais no nosso país? Os ensinados no tempo do partido único, ou nos tempo de vários partidos num país que funciona como tendo um só partido? Ou os assimilados na educação patriótica de culto canino ao chefe?

A tese da ética empresarial foi defendida pelo director nacional do Centro de Ética, António Muhungo, durante o seminário sobre “ Ética no local de trabalho e ética empresarial”, promovido pela associação das mulheres empresarias da província do Huambo.

António Muhungo realçou que para se obter sucesso nos negócios, nesta época da globalização, além de oferecer serviços é necessário dar uma atenção especial na forma de interagir com os diversos grupos sociais que procuram ou se interessam pelos serviços prestados.

Será que a metodologia de dar uma atenção especial na forma de interagir com os diversos grupos sociais se aplica à política, aos negócios do Estado, ao exemplo do Governo?

António Muhungo diz ser necessário haver esforços conjugados, para se obter a ética desejada nas diversas instituições do país. É verdade. O problema está que, no paradigma do regime, conjugar esforços significa uns mandarem e outros obedecerem, uns serem donos da verdade e outros obedientes cidadãos, uns serem de uma casta superior e outros meros plebeus.

Quanto ao estado da ética em Angola, António Muhungo caracterizou-o como razoável, estando a atravessar a fase de sobrevivência para o reactivo, onde os empresários se preocupam com os riscos que correm os negócios na ausência deste valor.

Pois é. Num país que lidera os principais rankings mundiais de corrupção, será intelectualmente honesto e sério falar-se de uma ética razoável? António Muhungo sebe que não. Mas ao não dizer o que pensa, está só por isso a mostrar que o melhor é dar uma no cravo e outra na ferradura.

Em relação ao seminário, António Muhungo admitiu ser uma oportunidade especial para as mulheres empresárias do Huambo elevarem os seus conhecimentos, em prol do desenvolvimento do sector comercial e empresarial. É verdade. Sobretudo para aquelas mulheres que sabem ler nas entrelinhas, que sabem pensar pela própria cabeça. E são cada vez mais, é certo.

As mulheres, realçou o director nacional do Centro de Ética, constituem a maioria da população em Angola, e estão cada vez mais presentes na actividade comercial e empresarial, representando um grande reforço no processo de desenvolvimento económico nacional.

António Muhungo defendeu, por isso, a necessidade desta classe empresarial apostar na formação ético-profissional, no sentido de terem clientes fiéis, bons créditos bancários e fornecedores.

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