Muros de hoje são (in)visíveis

Muros de hoje são (in)visíveis - Folha 8

A chanceler alemã, Angela Merkel, considerou a queda do Muro de Berlim, que hoje celebra o 25º aniversário, como uma “mensagem de confiança” para os diferentes pontos de conflito no mundo, apelando ainda a “uma Europa unida e edificada sobre valores comuns”.

No centro comemorativo do Muro de Berlim, na Bernauer Strasse – a rua que simboliza a participação popular -, Merkel recordou que “as imagens da queda do muro, que deram a volta ao mundo, eram o anúncio do fim da divisão de Berlim, da Alemanha, da Europa e da Guerra Fria”.

A chanceler, no seu primeiro discurso do dia, disse que “este centro comemorativo transmite também a grande sorte e a prenda que constitui o poder de vivermos juntos e de forma pacífica no nosso continente, numa estrutura económica e social que estão ligadas à liberdade e responsabilidade”.

“Podemos mudar as coisas para melhor, essa é a mensagem da queda do Muro”, disse Angela Merkel, durante a inauguração de uma exposição permanente sobre a vida diária por trás do muro, que durante décadas dividiu Berlim.

Esta “mensagem de confiança”, acrescentou, vai orientando tanto a Alemanha, como o resto da Europa, do mundo e, “nestes dias, especialmente as pessoas na Ucrânia, na Síria e no Iraque e em muitas outras regiões do nosso planeta, onde a liberdade e os direitos humanos estão a ser ameaçados e inclusive pisoteados”.

Angela Merkel mostrou-se convencida de que há mais muros, “de ditadura, de violência, de ideologias e de inimizades”, que podem ser derrubados agora e no futuro.

“A queda do muro ensinou-nos que os sonhos podem tornar-se realidade, que nada permanece tal e qual como está, por muito grandes que sejam os obstáculos”, acrescentou.

A chanceler alemã honrou a memória de todas as vítimas da divisão alemã e recordou as inúmeras tentativas de fuga falhadas.

“O Muro de Berlim, este símbolo de cimento da arbitrariedade de um Estado, levou milhares de pessoas ao limite do suportável e a outras, mais além”, reiterando que a República Democrática Alemã (RDA) foi tudo, menos um Estado de direito.

“A injustiça não se pode desfazer uma vez cometida, Se pode esquecer ou reprimir, mas para que precisamente não ocorra isso, precisamos de lugares para recordar”, sublinhou.

Previamente, Merkel assistiu uma missa em memória das vítimas na Capela da Reconciliação, situada na região onde se encontrava a chamada linha da morte, na Bernauer Strasse. Antes da cerimónia religiosa, a chanceler e outros convidados colocaram rosas para recordar as vítimas entre os blocos do antigo muro, no centro comemorativo.

A Alemanha celebra hoje os 25 anos da queda do Muro de Berlim com um programa que inclui Beethoven, exposições e uma versão de “Heroes”, de David Bowie, por Peter Gabriel.

As comemorações oficiais decorrem junto à porta de Brandeburgo, lugar simbólico da divisão da cidade entre 1961 e 1989.

As marcas do muro foram recuperadas na sexta-feira com uma fileira de 8.000 balões, com cerca de 15 quilómetros, instalada sobre o traçado do Muro que durante 28 anos dividiu a cidade em duas, pertencentes a dois mundos diferentes. Nas celebrações oficiais, dissidentes da ex-RDA evocarão a vida no Leste, bem como a noite de 09 de Novembro de 1989, quando o Muro foi derrubado.

Hoje à noite, os balões serão desatados e libertados no céu de Berlim, ao som da 9ª Sinfonia do compositor alemão Ludwig van Beethoven.

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