Editorial: “Jornal de Angola” e o incitamento ao racismo, ódio e guerra

Editorial: “Jornal de Angola” e o incitamento ao racismo, ódio e guerra

O pior que pode existir num país, não são os intransigentes, na maioria das vezes coerentes e verticais, mas os bajuladores, os falsos, os traidores e incompetentes. Esta raça é tão perniciosa que se confunde com o camaleão, nos seus malefícios colectivos. No caso angolano, a história está prenhe de traidores, individuais e colectivos, até mesmo no jornalismo, profissão nobre e solene, em função do alcance e função pública.

Por William Tonet

Hitler, no século XX, foi o grande percursor na subversão do real papel da mídia, colocando-a ao serviço de uma casta no poder. Fê-lo com maestria monstruosa, usando os meios de comunicação social, em tentáculos da estratégia do regime nazistas, não só de exterminar os judeus, como, também, todos quantos se opusessem a essa política e pensassem pela própria cabeça.

Em Angola, Agostinho Neto adoptou uma estratégia semelhante à hitleriana, criando novos Paul Joseph Goebbels, jornalista e ministro da Propaganda do Reich na Alemanha Nazi de 1933 a 1945, conhecido pelos discursos públicos de profundo e violento anti-semitismo, que o levaram a apoiar o extermínio dos judeus e a ser um dos mentores da Solução Final.

Em 1975, Neto tinha ao seu lado, Costa Andrade Ndunduma, como propagandista-mor e à frente do Jornal de Angola, viria a ser um dos principais impulsionadores da política de extermínio dos adversários políticos, com a disseminação da tese de serem canibais, os membros da FNLA de Holden Roberto, pois comiam pessoas. Foi uma mentirosa invenção, pois a máquina propagandista retirou corações e outros órgãos humanos do ex-hospital universitário de Luanda, colocando-os e fotografando-os no interior das cozinhas e fogões das ex-Casas do Povo (sedes da FNLA), então ocupadas pelo MPLA.

Depois, em 1977, difundia propaganda falaciosa contra dirigentes e revolucionários internos do MPLA, que não estivessem afectos à ala de Agostinho Neto ou de Lúcio Lara, sendo ele um dos mentores da tese fraccionista, basta rememorar o célebre texto, “Víbora de Cabeça ao Contrário (VCC)”, escrito a 5 de Maio de 1977 e apenas publicado no Ano 2- n.º 778 do Jornal de Angola, no dia 21 de Maio de 1977“, com a chancela de Artur Pestana “Pepetela” e caricatura de Costa Andrade Ndunduma.

A fertilidade diabólica da mente destes homens, difundida através de um órgão público, foi responsável, por cerca de 80 mil assassinatos selectivos, tal como Paul Goebbels, na Alemanha nazista de 1933 a 1945.

Hoje, século XXI, com a mudança dos homens, mas não das políticas, temos a mesma estratégia no Jornal de Angola: instigar, dividir e empurrar para a morte mais angolanos. Existisse coerência do regime e há muito teria privatizado de “facto e de jure”, este órgão que de público, apenas tem a epigrafe, para abocanhar fundos financeiros do Orçamento Geral do Estado… Como se pode verificar, a experiência feita no século XX pelo comunismo, nazismo e fascismo não realizou nada para dissipar uma desconfiança secular em relação ao Estado, de uma manipulação absoluta das informações e do entretenimento.

É evidente que uma dependência partidocrata de um órgão público é intolerável, pois tem o direito de incitar ao homicídio ou ao ódio racial, logo é um perigo a mídia pública ficar, totalmente, nas mãos de um regime ou ainda de se criarem grandes monopólios ligados a homens do sistema. Em todas as democracias do mundo, há um consenso: a mídia deve ser livre e não pode sê-lo totalmente. O problema do equilíbrio entre liberdade e controlo não é recente: John Adams, presidente dos Estados Unidos de 1797 a 1801, escrevia a um amigo em 1815:

“Se um dia houver uma melhoria da condição da humanidade, os filósofos, teólogos, legisladores, políticos e moralistas descobrirão que a regulamentação da imprensa é o problema mais difícil, mais perigoso e o mais importante que terão que resolver”.

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