Agro-indústria precisa de “sementes” que podem ser, ou não, portuguesas

Angola está interessada na instalação de empresas que ajudem a transformar o enorme potencial de recursos naturais, nomeadamente agrícolas, para fornecer não só o mercado nacional, reduzindo as importações, mas também o regional, com 300 milhões de potenciais consumidores.

O desafio às empresas portuguesas detentoras de tecnologia que se queiram instalar em Angola foi lançado hoje pelo secretário de Estado angolano da Indústria, Kiala Ngone Gabriel, no Congresso das Tecnologias e Serviços para o Agronegócio, a decorrer desde quinta-feira no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém.

Kiala Gabriel disse que, no âmbito da estratégia de diversificação de uma economia muito dependente do petróleo, Angola tem particular interesse na agro-indústria, sobretudo para transformação de alimentos mas também de culturas industriais, como algodão e madeira.

O secretário de Estado da Indústria de Angola sublinhou que o seu país representa “um mercado muito grande”, não só pela sua população, com perto de 20 milhões de pessoas, mas também por se inserir em duas regiões — a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e a Comunidade Económica dos Estados da África Central — que representam 17 países e uma população superior a 300 milhões de pessoas.

A cooperação na área do agronegócio “interessa muito a Angola”, pelo potencial enorme em termos de recursos naturais, adiantou.

“O que nos falta é transformação, acrescentar valor aos nossos produtos, e tornar ainda mais duradoura a vida útil desses produtos e ao mesmo tempo criar emprego, criar riqueza e contribuir para a substituição competitiva de importações”, disse Kiala Gabriel.

“Temos condições naturais criadas, um potencial enorme, falta a transformação, que requer tecnologias e precisamos de parceiros para adquiri-las. Daí a necessidade de desenvolvermos a cooperação com os que são detentores de tecnologias, mas que possam instalar em Angola as suas capacidades de produção, para fornecer o mercado nacional e regional, que é enorme”, disse.

Segundo o secretário de Estado, Angola está interessada em “parcerias efectivas” que “passem à prática”, pelo que gostaria de ver as empresas portuguesas do sector “aderirem à iniciativa de desenvolver a agro-indústria” angolana.

“O que nos interesse não é a importação de produtos acabados. Temos potencial, falta-nos a tecnologia”, frisou.

Organizado pelo AgroCluster do Ribatejo em parceria com o InovCluster, o Congresso das Tecnologias e Serviços para o Agronegócio incluiu a criação, por 40 entidades, de uma Rede de Cooperação da Fileira das Tecnologias e Serviços do Agronegócio, uma plataforma que visa permitir ao sector “ganhar dimensão e criar complementaridades para abordar os mercados internacionais de forma integrada”.

O Congresso conta com a participação de empresas e entidades nacionais e de países como Angola, Moçambique, Brasil, Uruguai, Argélia e Marrocos.

Nos dois dias do congresso realizaram-se sessões para apresentação de tecnologias que estão a ser desenvolvidas por instituições do ensino superior e por centros de investigação, com um espaço destinado ao contacto directo entre os produtores de conhecimento, os fornecedores e produtores de serviços e compradores.

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